Hoje as crianças já nascem cercadas de eletrônicos. Mas afinal, isso é bom ou acaba fazendo mal ao desenvolvimento infantil?
Saiba agora o que descobrimos.
O debate sobre o excesso de exposição das crianças às telas vem ganhando força e dividindo opiniões, afinal, qual é o limite de tempo que uma criança deve passar em frente a tela do celular, da TV, do tablet, e qual a idade adequada para ter acesso a esses equipamentos?
Você já observou quanto tempo o seu filho(a) passa em frente às telas, e já notou alguma mudança de comportamento nessas situações?
Falando em comportamento, imagine comigo a seguinte situação: Digamos que você viva em um mundo perfeito, onde você é o centro das atenções e sempre consegue o que quer, basta pensar, dar um clique e pronto!
Tudo que você quer ver e sentir está ali. Basta clicar em ir em frente, clicar e ir, clicar e ir…
“Isso não acontece na vida real, fazendo com que nessas podas neurais a criança não fique preparada para controlar o impulso, então muitas vezes elas acabam ficando mais impulsivas devido ao excesso de tela”, explica o psiquiatra Luiz Zoldan.
Ou seja.
O problema é que o cérebro da criança está se formando, e quando ela se sente em um mundo sem limites, acaba prejudicando o que a neurociência chama de controle inibitório: que é a habilidade para inibir (podar) ou controlar respostas impulsivas e criar réplicas usando a atenção e o raciocínio. Esta habilidade é uma das funções cognitivas mais usadas por nós seres humanos.
A inibição é a forma que o cérebro usa para corrigir os comportamentos, como por exemplo, ficar calados quando queremos dizer algo, mas sabemos que não devemos. Nos ajuda a saber a hora de ficarmos quietos e sentados na sala de aula. É o que nos ajuda a estudar e trabalhar, mesmo quando não estamos com vontade. A inibição permite você reagir a situações imprevistas de forma rápida e segura.
Mais efeitos negativos do excesso de telas
Uma criança que não desenvolve o controle inibitório, pode ter vários problemas ao longo de seu crescimento.
Esse é um grande perigo do uso de celular para as crianças, em excesso.
Veja o que algumas pesquisas mostram:
Aprendizado: Crianças do primário que têm TV em seus quartos tendem a ter um desempenho inferior nos testes escolares.
Comportamento social: Crianças em idade escolar que assistem TV ou usam um computador mais de 2 horas por dia têm mais chances de ter problemas emocionais, sociais e de atenção.
Obesidade: Assistir TV e jogar videogame, contribui para o sedentarismo e pode ser um fator de risco para o excesso de peso.
Sono ruim: Muitos pais usam a TV para relaxar antes de dormir, mas o efeito pode ser contrário: A luz emitida pelas telas interfere no ciclo do sono no cérebro e pode levar à insônia.
E isso é só uma parte dos perigos do excesso de tela durante a infância.
Veja também os principais problemas da saúde física e mental apontados pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP):
• Transtornos de déficit de atenção e hiperatividade: TDAH infantil;
• Dependência digital;
• Problemas de saúde mental como ansiedade e depressão;
• Transtornos posturais e músculo-esqueléticos;
• Transtornos de imagem corporal e autoestima;
• Problemas visuais, miopia e síndrome visual do computador.
Qual é o limite das telas?
A SBP recomenda:
• Menores de 2 anos: Evite a exposição às telas;
• Entre 2 e 5 anos: Máximo de uma hora de tela por dia, sempre com supervisão;
• Entre 6 e 10 anos: Máximo de uma ou duas horas por dia, sempre com supervisão;
• Entre 11 e 18 anos: De duas a três horas por dia, sempre com supervisão;
• Para todas as idades: Nada de telas durante as refeições e desconectar de uma a duas horas antes de dormir.
Veja mais recomendações no site da SBP.
O que a OMS diz sobre isso?
Telas
Até 1 ano de idade, deve-se evitar a exposição do bebê a telas eletrônicas de qualquer tipo.
Depois, o máximo recomendado é uma hora por dia.
Sono de qualidade
Os bebês de até 3 meses devem dormir de 14 a 17 horas por dia.
Os de até 11 meses, de 12 a 16 horas de sono.
É muito importante ter horários regulares para dormir e acordar.
Mantenha uma rotina com o sono do bebê.
Atividade
Não deixe a criança muito tempo sentada no mesmo lugar.
Evite deixá-los na cadeirinha, no carrinho, no colo ou sentados por mais de 1 hora.
Estimular atividades e brincadeiras é essencial.
Veja mais informações neste manual da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O que os pais podem fazer?
Que as telas e o celular faz mal para crianças, isso ficou claro, mas e agora?
Como tirar as crianças e adolescentes das telas?
Isso não é uma tarefa fácil, mas todos esses dados deixam cada vez mais claro que essa é uma tarefa essencial.
Por isso, veja algumas dicas de como tirar a criançada do vício das telas:
1. Vire o disco
No início dá trabalho, mas é mais fácil do que parece.
Às vezes as crianças usam o celular por falta de opção ou até mesmo de atenção dos adultos. Não pense só em brinquedos eletrônicos, mude o disco, invista em jogos e materiais físicos (desenho, massinha, jogos educativos) e passe um tempinho com eles. Vocês vão esquecer que existe celular… faça o teste.
2. Combata o vício com novos hábitos
Já reparou como perdemos o hábito de ficar quietos, em silêncio, sem fazer nada?
Nesses momentos é normal a gente ligar a TV, pegar o celular, etc.
Às vezes ficar sem fazer nada é incrível!
Deite com eles em um lugar sossegado, invente histórias, novas brincadeiras… conte como era sua infância, olhe para o céu, fique junto, não faça nada, imagine…
3. Esteja lá!
Já que falamos de histórias e imaginação, use o tempo juntos para ler um livro infantil, contar histórias da sua vida e estimular a imaginação.
Uma boa dica são as histórias em áudio, que além de não precisar do uso de telas, ajudam a cultivar a imaginação.
O aplicativo de histórias infantis Imagina Só é uma boa pedida, e você pode saber mais aqui.
E seja qual for a alternativa, esteja lá!
Isso mesmo, participe, não tenha pressa, e use esses momentos sabendo que está cuidando da saúde do seu pequeno e criando boas memórias para a vida inteira.
Divirtam-se, no mundo real, é claro!